A fibromialgia é uma afecção reumatológica que se caracteriza por uma disfunção muscular acompanhada de dor, constituindo uma síndrome complexa que se manifesta não apenas como uma sensação dolorosa, mas também por uma gama de sintomas associados, tais como fadiga, distúrbios do sono, irregularidades intestinais, bem como alterações de ordem psicológica, incluindo depressão e ansiedade. Apesar dos avanços na compreensão dos mecanismos subjacentes, as causas precisas da fibromialgia ainda carecem de elucidação definitiva, afetando primordialmente estruturas como articulações, músculos e tendões.

A hipótese preponderante, proposta pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, sugere que os pacientes com fibromialgia possuem uma alteração na percepção da sensibilidade à dor, respaldada por estudos que investigam a atividade cerebral desses indivíduos, os quais também evidenciam sensibilidades corporais em outras regiões, como no trato gastrointestinal e na bexiga. Muitos pacientes desenvolvem a condição após desencadeantes específicos, como dor crônica localizada mal gerenciada, trauma físico ou doença grave.

Os sintomas primários englobam dor difusa em todo o corpo e nas articulações, fadiga, exaustão, distúrbios do sono, constipação intestinal e, em certos casos, déficits de memória.

Pesquisadores israelenses investigaram o potencial terapêutico da cannabis na redução das dores associadas à fibromialgia. A análise de dados provenientes de dois centros médicos especializados em Israel revelou que certos derivados da cannabis não apenas aliviaram a dor, mas também prolongaram os intervalos entre os sintomas, em comparação com terapias convencionais. Os achados, divulgados em agosto de 2018 no Journal of Clinical Rheumatology, abrangeram uma coorte de 26 pacientes com média etária de 37 anos e diagnóstico de fibromialgia há pelo menos dois anos, com predominância de mulheres (73%). Durante aproximadamente 11 meses, cada participante recebeu uma média mensal de 8,3 gramas de canabidiol (CBD). Ao término do estudo, todos os pacientes relataram melhorias em todos os aspectos avaliados, com ênfase na redução da dor. Além disso, pelo menos metade dos participantes interrompeu o uso da medicação convencional após a adoção da cannabis. Quanto aos efeitos adversos, cerca de 30% experimentaram sintomas leves, como cefaleia, náuseas, boca seca, sonolência e aumento do apetite.

A pesquisa conduzida pela Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva (Fait), sob a supervisão das pesquisadoras Paula Francine Sarti e Francine Campolim, abordou o uso da cannabis no tratamento da fibromialgia, analisando diversos artigos científicos provenientes de fontes renomadas como PubMed, SciELO e Google Acadêmico.

As pesquisadoras destacaram que a maioria dos estudos revisados sugere que os derivados da cannabis representam uma opção viável no manejo dessa enfermidade, embora ressaltem a necessidade premente de mais investigações para corroborar tais benefícios. Apesar dos resultados promissores no alívio da fadiga muscular e das dores, consideram que é prematuro definir a terapia com cannabis como solução definitiva para a fibromialgia.

Um ponto crucial enfatizado pelas autoras é a tendência das pessoas buscarem a terapia canabinoide apenas quando as alternativas medicamentosas convencionais se esgotam, o que, em sua perspectiva, pode ser um equívoco, pois o aumento da procura por essa abordagem terapêutica poderia impulsionar a realização de mais pesquisas, solidificando assim a qualidade e a eficácia desses estudos.

Literatura Científica

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https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/view/14897
https://pebmed.com.br/cannabis-e-fibromialgia-possibilidade-de-tratamento-em-uma-patologia-desafiadora/