Endometriose

A endometriose, uma condição que aflige mulheres em idade fértil, é uma afecção caracterizada por dor e desconforto. Neste distúrbio, o tecido endometrial, que normalmente reveste o útero, projeta-se para além deste órgão, desencadeando uma resposta inflamatória que pode culminar na formação de tecido fibroso na pelve, ovários e até no intestino. Esta disfunção pode resultar em irregularidades menstruais, sangramento anormal e, em estágios avançados, infertilidade. As manifestações patológicas da endometriose são diversificadas:

  • Endometriose superficial, predominantemente localizada na pelve;
  • Cisto endometriótico ovariano (endometrioma), presente no ovário;
  • Endometriose profunda, que se estende para o septo retovaginal, bexiga e intestino;
  • Em raros casos, a endometriose também pode afetar regiões fora da pelve.

Os sintomas da endometriose são multifacetados e incluem uma gama de efeitos adversos, tais como dismenorreia (ou cólicas menstruais), dor pélvica crônica, desconforto durante ou após o coito, evacuações intestinais dolorosas, dor ao urinar, fadiga, estados depressivos ou ansiosos, inchaço e náuseas.

Uma pesquisa conduzida na Austrália, liderada pelo médico Justin Sinclair em 2017, examinou 484 mulheres diagnosticadas com endometriose. Dentre estas, com idades compreendidas entre 18 e 45 anos, 76% relataram o uso de métodos de automedicação. Estes métodos incluíram o uso de compressas térmicas (70%), modificações na dieta (44%), prática de exercícios (42%), yoga ou Pilates (35%), bem como o uso de cannabis (13%). Dentre todas as estratégias de autogerenciamento, a cannabis se destacou como a mais eficaz no alívio da dor. Não é surpreendente, portanto, que óleos e medicamentos derivados desta planta sejam indicados para o tratamento de diversas formas de dor crônica.

Uma revisão sistemática de bases de dados como PubMed, Embase e Cochrane revelou que a maioria das evidências disponíveis provém de estudos laboratoriais que visam simular os efeitos de produtos à base de cannabis em modelos pré-clínicos de endometriose. Algumas evidências sugerem que produtos derivados principalmente do cânhamo (uma espécie de cannabis com teor de THC inferior a 0,3%) podem ser benéficos.

Contudo, os resultados desses estudos são contraditórios e nem sempre é possível extrapolar seu impacto para humanos. Os produtos à base de cannabis foram propostos como uma nova opção terapêutica capaz de contornar esses problemas. No entanto, dada a escassez de estudos robustos e bem desenhados, bem como a ausência de ensaios clínicos randomizados para investigar sua aplicação no tratamento da endometriose, é evidente que, apesar da eficácia terapêutica observada, ainda há muito a ser desvendado sobre esse tema.


Literatura Científica
https://www.jogc.com/article/S1701-2163(19)30808-4/fulltext
https://www.jmig.org/article/S1553-4650(19)31092-1/fulltext
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34978929/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34839061/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9418363/
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34699540/
https://www.scielo.br/j/brjp/a/MZZJsdgFLTzQxtFz9JPszzj/ 

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